segunda-feira, 3 de novembro de 2008

- “AO VIVO EM COPACABANA”

O chão de Copacabana tremeu no dia 17 de fevereiro de 2008. Mais de 700 mil pessoas compareceram ao show de lançamento da carreira solo de Claudia Leitte, um evento de proporções grandiosas, dignas de um espetáculo dos Rolling Stones (que aquelas areias também presenciaram). Em um palco de 15 metros de altura e 36 metros de boca, a musa baiana – a “negra alemã”, como apelidou Carlinhos Brown – não desfilou apenas os grandes sucessos dos tempos de Babado Novo. Isso seria fácil, uma vez que ela já é dona de uma fieira de hits certeiros, que o povo canta e dança de cor e salteado.
Ousada, Claudia quis mais: além de apresentar as músicas que a consagraram ao longo de cinco anos de carreira discográfica, teve o atrevimento de experimentar uma série de canções inéditas, absolutamente desconhecidas, para uma platéia daquelas proporções. “Quando vi o mar de gente e me dei conta de que não dava para enxergar o final da multidão, fiquei apreensiva”, ela diz, apesar de já ter enfrentado horas e horas de trio elétrico no Carnaval baiano e em micaretas por todo o país. “Mas, de repente, bateu uma segurança tremenda e conversei comigo mesma: ‘Vai dar tudo certo, porque já está acontecendo, porque Deus preparou isso para mim’”. Sobre o sucesso instantâneo do novo repertório, comenta: “Fiquei impressionada! As músicas inéditas foram assimiladas na hora, ensinei uma vez e eles cantaram comigo”.
Se sobra alguma dúvida de que Claudia Leitte teve o público carioca na palma da mão durante aquela noite, basta conferir o CD e o DVD “Ao Vivo em Copacabana”. É o registro da consagração de uma artista que garante, definitivamente, seu lugar entre os maiores intérpretes do país. A prova mais direta e concreta disso é o desenvolvimento de sua música, que ao longo do tempo foi ganhando elementos cada vez mais globais e sofisticados, abrangendo novas tendências e, com isso, conquistando uma legião crescente de fãs.
Claudia não nega suas raízes carnavalescas, o suingue, o batuque e a alegria da música baiana, mas admite ter outras ambições. Os músicos que hoje trabalham com ela já a acompanham desde a fase Babado Novo, todos evoluíram juntos (a transição para a carreira solo não foi exatamente uma ruptura). “Nosso amadurecimento é muito nítido nesse disco. Ousamos mais e recriamos as canções conhecidas com uma sonoridade bem diferente, o que é fruto das nossas vivências e referências. A influência do hip hop e da black music – que eu, particularmente, adoro – está mais enfatizada”, diz. A escolha dos convidados especiais – mais do que convidados, cúmplices, como ela gosta de dizer – também revela este caráter múltiplo. Carlinhos Brown, Gabriel O Pensador, Daniela Mercury, Wando e o roqueiro Badauí emprestaram talento ao grande show de Claudinha.
Tudo isso que não quer dizer que o som de Claudia Leitte tenha se transformado num balaio de gatos. O diretor musical do espetáculo, Robson Nonato, e o arranjador Mikael Mutti seguiram à risca a determinação de manter a coerência como palavra de ordem, seja em músicas de levada explicitamente pop, em canções próprias para a folia ou em temas românticos. “Fazemos um trabalho de pesquisa sonora muito minucioso, procurando elementos diversos, mas que tenham nexo quando misturados”, diz Claudia.
Tanto trabalho, tanto cuidado com detalhes e tanta dedicação fizeram do dia 17 de fevereiro uma data histórica para a música pop brasileira, para Claudia Leitte e seus fãs. “Foi grande a festa, foi grande o carinho que recebi do público, foi uma energia sem tamanho. Assisti à minha vitória, sabendo que muita gente que estava ali tinha vindo de longe para me ver, para estar perto de mim, cantar comigo”, conclui Claudia sobre o show que a coloca no merecido lugar: o de estrela de primeira grandeza da música popular brasileira.