segunda-feira, 3 de novembro de 2008

- Biografia

Desde 2001, Claudia integrava o conjunto axé Babado Novo, da capital baiana. Sob seu vocal o conjunto finalmente veio a alcançar um sucesso que transcendeu as fronteiras do Estado, no ano de 2003, com as canções Amor Perfeito e Cai Fora, além de regravações no estilo axé music de outros sucessos.
Nasceu em São Gonçalo, cidade periférica do estado do Rio de Janeiro. Quando criança foi com a família para Salvador e, já aos três anos, cantava pela primeira vez. Aos sete anos de idade integrou uma banda infantil, tendo se profissionalizado aos treze, acompanhando o artista local Nando Borges. Cantou em bares da noite soteropolitana e, nos carnavais, migrou por diversos grupos até participar da formação do novo conjunto, sob auspícios da empresa Bicho da Cara-Preta, especializada em conjuntos de larga aceitação popular, como o É o Tchan.
Nunca fez plástica, apenas colocou silicone nos seios e são falsos os boatos que era gorda.
Apesar dos estereótipos, a cantora freqüentou as faculdades de Direito (por dois semestres), Comunicação Social e Música, abandonando todas, por alegada falta de tempo em conciliar os compromissos da banda com os estudos.
Em dezembro de 2005, apresentou-se no especial de Natal do cantor Roberto Carlos, tradicionalmente exibido pela Rede Globo.
Apresentando-se no carnaval de Salvador e no "Carnatal", além de inúmeras micaretas em todo o país, a cantora atingiu um patamar que a colocou entre as maiores do circuito, como Daniela Mercury, Ivete Sangalo e Margareth Menezes.
Claudia é contra o uso de qualquer droga, e se recusa a participar, por exemplo, de comerciais de cerveja. Porém, em 2008, assinou contrato com o Guaraná Antarctica, tornando-se a mais nova garota-propaganda da marca. O contrato dura por três anos e o cachê gira em muitos milhões.
No dia 17 de fevereiro de 2008, gravou seu primeiro CD/DVD em carreira solo, com um mega-show nas areias da praia de Copacabana, 700 mil pessoas e teve participações especiais como: Daniela Mercury, Badauí (CPM 22), Wando, Gabriel, O Pensador e Carlinhos Brown. O público foi estimado em um milhão de pessoas, o CD foi oficialmente lançado no dia 27 de junho de 2008 e já vendeu quase 100 mil cópias. Já o DVD apareceu nas lojas em 11 de agosto de 2008.
Atualmente, Claudia Leitte se divide entre as apresentações da turnê-solo de nome "Exttravasa__(e o nome da cidade)", a divulgação do seu primeiro álbum, e os cuidados com a gravidez. Claudia está grávida de seu primeiro filho ao lado de Márcio Pedreira, que além de marido, é também seu empresário e produtor.

- Carreira Solo

Uma nova fase com muita fé

A fé que guiou toda sua vida artística até aqui será a principal parceira de Claudia Leitte em mais esta caminhada. Nascida no berço do axé, que revelou em passado não tão recente Daniela Mercury e Ivete Sangalo, Claudia desponta como a nova musa da música baiana.
Carismática, várias foram as conquistas de Claudia nos últimos cinco anos, a começar por uma legião de fãs fascinados pelo seu estilo verdadeiro, voz e espontaneidade. À frente do Babado Novo, nos seis anos que comandou a banda, ela lançou cinco CDs e dois DVDs, que venderam, juntos, mais de 1 milhão de cópias; fez centenas de shows por todo o Brasil e se apresentou no exterior (no Brazilian Day 2006, em Nova York, cantou para cerca de 1 milhão de pessoas); foi capa de importantes revistas; e teve a honra de ser convidada do Rei Roberto Carlos no seu tradicional especial da Rede Globo, em dezembro de 2005.
Sua musicalidade vai do axé ao pop com a maior naturalidade, mas não hesita em dividir o palco com roqueiros de carteirinha como a turma do CPM 22, a galera do NX Zero, a Tropa de Elite do Tihuana ou o reggae do Natiruts. Com eles comandou o carnaval da Bahia, abrindo espaço ainda para os forrozeiros do Aviões do Forró.
Nesta nova fase da carreira ela pretende continuar eclética, inserindo baladas românticas num repertório onde o Axé continua sendo a marca e algumas releituras de grandes sucessos nacionais e internacionais também fazem parte. Para ela, a linguagem da música é universal e deve estar sempre em sintonia com o gosto do povo:
- Canto o que gosto e o que meus fãs gostam de ouvir. Não tenho preconceito, aliás, condeno qualquer tipo de preconceito. Tenho, sim, conceitos bem definidos para minha vida e minha carreira. Odeio a futilidade e acho que o artista deve ter consciência de sua responsabilidade como ídolo de uma massa, principalmente de jovens, para dar um exemplo. Digo não às drogas, à bebedeira e tenho Deus sempre comigo. O Senhor guia os meus passos e quem a ele não se volta para agradecer um dia irá se voltar para pedir ou suplicar – diz Claudia.

- “AO VIVO EM COPACABANA”

O chão de Copacabana tremeu no dia 17 de fevereiro de 2008. Mais de 700 mil pessoas compareceram ao show de lançamento da carreira solo de Claudia Leitte, um evento de proporções grandiosas, dignas de um espetáculo dos Rolling Stones (que aquelas areias também presenciaram). Em um palco de 15 metros de altura e 36 metros de boca, a musa baiana – a “negra alemã”, como apelidou Carlinhos Brown – não desfilou apenas os grandes sucessos dos tempos de Babado Novo. Isso seria fácil, uma vez que ela já é dona de uma fieira de hits certeiros, que o povo canta e dança de cor e salteado.
Ousada, Claudia quis mais: além de apresentar as músicas que a consagraram ao longo de cinco anos de carreira discográfica, teve o atrevimento de experimentar uma série de canções inéditas, absolutamente desconhecidas, para uma platéia daquelas proporções. “Quando vi o mar de gente e me dei conta de que não dava para enxergar o final da multidão, fiquei apreensiva”, ela diz, apesar de já ter enfrentado horas e horas de trio elétrico no Carnaval baiano e em micaretas por todo o país. “Mas, de repente, bateu uma segurança tremenda e conversei comigo mesma: ‘Vai dar tudo certo, porque já está acontecendo, porque Deus preparou isso para mim’”. Sobre o sucesso instantâneo do novo repertório, comenta: “Fiquei impressionada! As músicas inéditas foram assimiladas na hora, ensinei uma vez e eles cantaram comigo”.
Se sobra alguma dúvida de que Claudia Leitte teve o público carioca na palma da mão durante aquela noite, basta conferir o CD e o DVD “Ao Vivo em Copacabana”. É o registro da consagração de uma artista que garante, definitivamente, seu lugar entre os maiores intérpretes do país. A prova mais direta e concreta disso é o desenvolvimento de sua música, que ao longo do tempo foi ganhando elementos cada vez mais globais e sofisticados, abrangendo novas tendências e, com isso, conquistando uma legião crescente de fãs.
Claudia não nega suas raízes carnavalescas, o suingue, o batuque e a alegria da música baiana, mas admite ter outras ambições. Os músicos que hoje trabalham com ela já a acompanham desde a fase Babado Novo, todos evoluíram juntos (a transição para a carreira solo não foi exatamente uma ruptura). “Nosso amadurecimento é muito nítido nesse disco. Ousamos mais e recriamos as canções conhecidas com uma sonoridade bem diferente, o que é fruto das nossas vivências e referências. A influência do hip hop e da black music – que eu, particularmente, adoro – está mais enfatizada”, diz. A escolha dos convidados especiais – mais do que convidados, cúmplices, como ela gosta de dizer – também revela este caráter múltiplo. Carlinhos Brown, Gabriel O Pensador, Daniela Mercury, Wando e o roqueiro Badauí emprestaram talento ao grande show de Claudinha.
Tudo isso que não quer dizer que o som de Claudia Leitte tenha se transformado num balaio de gatos. O diretor musical do espetáculo, Robson Nonato, e o arranjador Mikael Mutti seguiram à risca a determinação de manter a coerência como palavra de ordem, seja em músicas de levada explicitamente pop, em canções próprias para a folia ou em temas românticos. “Fazemos um trabalho de pesquisa sonora muito minucioso, procurando elementos diversos, mas que tenham nexo quando misturados”, diz Claudia.
Tanto trabalho, tanto cuidado com detalhes e tanta dedicação fizeram do dia 17 de fevereiro uma data histórica para a música pop brasileira, para Claudia Leitte e seus fãs. “Foi grande a festa, foi grande o carinho que recebi do público, foi uma energia sem tamanho. Assisti à minha vitória, sabendo que muita gente que estava ali tinha vindo de longe para me ver, para estar perto de mim, cantar comigo”, conclui Claudia sobre o show que a coloca no merecido lugar: o de estrela de primeira grandeza da música popular brasileira.

- Faixa a Faixa


Claudia Leitte comenta faixas presentes no DVD “Ao Vivo em Copacabana” – e fala sobre seus convidados muito especiais

Exttravasa

“Essa música significa a transição do Babado Novo para a carreira solo, é também a apresentação do meu disco. É uma música simples, mas que fala de algo grandioso e que todo mundo deseja: ser feliz. E acho que ser feliz implica em se respeitar e respeitar as pessoas em volta. Gabriel O Pensador participa com um rap. Tenho uma admiração profunda por ele, seu texto é intenso, muito rico e popular”.

Rock Tribal

“Estava em casa e ouvi essa música, de uma banda da Bahia. Me amarrei, achei muito astral, combinava muito com nosso propósito de fazer Carnaval com as pessoas. Ela fala da riqueza cultural do nosso Carnaval”.

Fulano in Sala

“Ritmicamente, é rica pra caramba, e a gente apelidou-a de ‘Mãozinha’ em função do refrão. É uma música de união, de sincronismo da massa. Fico muito contente em ver as pessoas fazendo a coreografia, participando da música. Fora que é uma mistura de música latina, com influência americana e uma coisa bem baiana, que é a percussão, o timbau...”.

Quem É de Fé Balança

“O título já tem uma conotação que me atrai – por mais fé que a pessoa tenha, dá uma balançada às vezes. Mas não cai! Na Bahia, por causa do sincretismo, todo mundo tem fé. E quando o povão que segue o trio escuta o refrão, não tem como não balançar as mãos”.

Beijar na Boca

“É de uma banda do sul do país, chamada Cogumelo Plutão. Eu não esperava gravar essa música, entrou de última hora, mas me surpreendeu. Acho que a moçada da micareta vai gostar, porque é o que todo mundo quer – solteiro, casado, adolescente, coroa –, todo mundo quer beijar na boca.”

Dyer Maker – A Camisa e o Botão

“Resolvi colocar essas duas músicas juntas porque têm a mesma linha, são dois reggaes. As tonalidades são diferentes, mas preparamos uma passagem que as deixaram muito próximas. Dyer Maker, do Led Zeppelin, é uma referência muito forte para mim, porque cresci escutando essa banda. Eu cantava essa música em barzinhos, antes do Babado. E ‘A Camisa e o Botão’, além de ser um dos meus maiores sucessos, é uma música linda, que fala da união das pessoas”.

Cidade Elétrica

“Eu estava na maior dúvida do que cantar com Daniela Mercury. Sugeri ‘Copacabana’, de Barry Manilow. Mas ela me mandou essa música pela internet e fiquei amarradaça. Tivemos de aprender a letra na última hora, mas rolou e foi fantástico. Quando assisto em DVD a esse momento, tenho arrepios, porque é impressionante a cumplicidade que eu e Daniela temos cantando, nos olhamos e temos o registro da emoção. Ela tem uma importância muito grande na minha vida, como cantora e como conselheira”.

Doce Paixão

“É do mesmo compositor de Bola de Sabão, Ramon Cruz. Quando ouvi, tive a certeza de que iria gravar. É um marco da minha história com o Babado Novo e da minha história com meu marido. Quando recebi a música na voz de Ramon, viajava e ficava escutando, e Márcio também escutava em casa, e a gente se namorava por telefone ao som de ‘Doce Paixão’. Foi muito especial, gravando o DVD, ver quase um milhão de pessoas cantando aquela música que eu ouvia no meu quarto”.

No Carnaval de Salvador

“De alguma maneira, me lembra as coisas de Chico Buarque. É a história de um cara que tem um relacionamento e não tem coragem de se desligar. Aí chega o Carnaval e, mesmo ele querendo curtir, se lembra da pessoa por quem tem amor e carinho, mas não está rolando mais ficar junto – e ele quer dançar, dançar, dançar. Mesmo senso uma música de Carnaval, tem muito sentimento nela, porque não quero o vazio. Tem mais aqui dentro”.

Janeiro a Janeiro – Amor a Prova – Eu Fico

“Esse pout-porri é maravilhoso. Foi a hora do show em que fiquei menos nervosa, demorou para relaxar. ‘Eu Fico’ é uma música que fiz há seis anos com Sergio Rocha e Luciano Pinto. Muita gente vem me dizer que é sua música preferida do Babado. Então, não poderia ficar de fora do DVD. É igual a Roberto Carlos com ‘Emoções’, que ele vai ter de cantar a vida inteira.”

Bola de Sabão

“Qualquer coisa que eu fale sobre ‘Bola de Sabão’ é redundante, porque todo mundo já sabe! É importante falar sobre a participação do Badauí. Nos conhecemos gravando um especial para a MTV e fizemos uma mistura muito louca de rock’n’roll com música baiana. No começo, ele não queria cantar o refrão, pois achava que essa coisa de bola de sabão era muito florzinha para ele, que é roqueiro. Mas ele fez de um jeito incrível, canta de uma forma totalmente diferente, e ela continua sendo uma música que toca pessoas de todas as idades – é um musicão! É outra que vou ter de cantar a vida inteira, para ninar meus filhos, meus netos, meus bisnetos.”

Pássaros

“Mikael Mutti me ligou da Espanha, cantou ‘Pássaros’ e fiquei aos prantos. Quando ele disse que ela era toda minha, chorei mais ainda. Ela fala da minha carreira solo, mesmo que trate do amor entre um homem e uma mulher para alguém, e trate do amor de pai para filho para outra pessoa. Eu me sinto um pássaro livre para fazer tudo o que fiz e o que faço. Mas também me faz ter a certeza de que, mesmo com toda a liberdade que um ser humano possa ter, ele tem de dar a mão às outras pessoas. É melhor voar a dois”.

Pensando em Você

“Eu me orgulho em ser a primeira intérprete a ter gravado uma música de Henrique Cerqueira. Ela é muito linda. Mas ouvi muitas pessoas dizendo que não era uma boa música, porque a letra era muito grande, que seria um fracasso. Embora ‘Bola de Sabão’ tenha sido um pipoco, ‘Pensando em Você’ a superou, ficou mais de dois meses em primeiro lugar. Nunca vou esquecer das pessoas cantando a letra inteira, o ‘livro’, em Copacabana”.

Horizontes

“Tito, um fã, aparecia em todos os shows que fazíamos no interior de São Paulo. Um dia ele entregou essa música de sua autoria a meu produtor, coloquei no iPod e as lágrimas caíam, tive certeza de que a cantaria. Também é uma maneira de homenagear todos os meus fãs. É uma forma de dizer, cantando uma música feita por um fã, que eles são parte da minha história.”

Lirirrixa

“Eu detestava ‘Lirirrixa’ – hoje adoro! É que sou muito autocrítica, fiz essa música no avião, de baderna, criando umas onomatopéias de instrumentos de percussão. A banda adorou, insistia que eu tinha de gravar, mas a letra não queria dizer nada! A insistência foi tanta que acabei gravando, e hoje gosto muito mais dela por causa de sua identificação com as crianças.”

Busy Man

“Que momento mágico! Carlinhos Brown. Uma entrada triunfal. Ele é uma constelação inteira. Os instrumentos são uma extensão do seu corpo, ele nasceu com a música no corpo inteiro. É uma coisa de louco aquele homem. Um gênio, um homem da paz. Essa canção foi gravada por ele no disco ‘Omelete Man’, e fizemos um arranjo completamente diferente do original.”

Eu Grito

“Ela começou em casa, de maneira despretensiosa, eu fazendo uns solfejos e a banda desenvolvendo a melodia.”

Fogo e Paixão

“Wando é porreta! Ele deu show, é um artista massa! Ele traz alegria quando chega, é supermusical e é um hit maker. ‘Fogo e Paixão’ é um clássico que sempre cantei nas micaretas, num estilo carnavalesco. Aí pensei: ‘Tenho de convidar esse cara pra cantar comigo’. Todo mundo se amarrou na idéia. Wando faz parte da minha história de vida e de cantora.”

Arriba (Xenhenhén)

“Essa música incitava o desejo de comer água até cair no chão, mas me meti na letra e inverti o sentido dela. Não dá para incentivar as pessoas a beber – a gente vê jovem saindo da festa carregado, então vamos ensinar a ter moderação dentro da micareta. É uma forma descontraída de falar de um assunto muito sério, de incentivar as pessoas a conter esse impulso louco de extravasar na bebida.”

Cai Fora – Foto na Estante – Banho de Chuva

“’Cai Fora’ foi minha segunda música nas rádios, ela é muito engraçada, fala da independência da mulher. Gosto de brincar com isso, é uma das minhas melhores personagens no palco. É um marco para mim. ‘Banho de Chuva’ gravei em homenagem ao meu empresário, pois ele adora. Também é uma música muito querida pelas crianças – e mexeu com criança, mexeu comigo!”.

- Trajetória

Um adeus emocionante do Babado Novo

O adeus de Claudia Leitte ao Babado Novo foi emocionante. Aconteceu na terça-feira de carnaval, no Campo Grande ponto de partida do desfile dos trios e blocos no mais tradicional circuito do carnaval de Salvador, mesmo palco que e onde ela abrirá em 2009 o Carnaval da Bahia, comandando o mais antigo e tradicional bloco baiano, Os Internacionais. No dia do adeus ela chamou um a um dos integrantes de sua equipe ao palco, segurou as lágrimas e agradeceu por tudo que fizeram juntos. Rezou um Pai Nosso de mãos dada, e agradeceu a Deus pelo que tem acontecido em sua vida e nesses sete anos de carreira. Eleita a nova musa do carnaval baiano, ganhou quase todos os títulos na avenida.

Há sete anos, o começo de tudo


Era um grande desafio. Levar adiante o já consagrado axé, sinônimo de alegria e do carnaval da Bahia por todo o Brasil, misturado com o pop. Inserir uma linguagem nova e fazer acontecer. Novembro de 2001. Claudinha Leitte e Babado Novo começavam a tocar em cidades do Nordeste. Primeiro em casas noturnas para em pouco tempo conquistar os primeiros palcos no circuito dos carnavais fora de época. Assim nascia um dos maiores sucessos da música baiana na atualidade e que conquistou o Brasil.
Em menos de um ano, se transformou em fenômeno de público em todo o País e ganhou Disco de Ouro com o CD Babado Novo. Carismática e irreverente, Claudia Leitte virou referência, revelação na música baiana e os músicos da banda, sinônimo de alto astral. No palco ou em cima de trios elétricos eles deixam sua marca por onde passam.
Com arranjos bem elaborados, Claudia e sua banda, a mesma que a acompanha hoje, mostraram que é possível unir o suingue baiano ao pop, fazer uma pegada diferente e que agrada em cheio a todos. O primeiro grande sucesso nas rádios foi com uma releitura de Amor Perfeito, música que ficou conhecida no País na voz de Roberto Carlos. De lá pra cá, ela emplacou diversos hits como Cai Fora; Eu Fico; Safado, Cachorro, Sem Vergonha; Doce Desejo e Canudinho, entre muitos outros.
Em 2004, em cerimônia no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, recebeu o Prêmio Multishow de Música Brasileira, na categoria de Grupo Revelação, em setembro gravou o primeiro DVD e no mês seguinte fez a sua estréia internacional com três shows nos Estados Unidos – Flórida, Nova Jersey e Massachusetts. Ela voltou mais cinco vezes aos Estados Unidos, foi a Portugal e agora em outubro tem turnê confirmada para Inglaterra, Suíça e Portugal.


A história desta meio baiana meio carioca

Claudia Cristina Leite Inácio Pedreira ou simplesmente Claudia Leitte nasceu em São Gonçalo, região metropolitana do Estado do Rio, em 10 de julho de 1980, mas com cinco dias de nascida já "virou" baiana. Foi com essa idade que chegou em Salvador para criar raízes numa terra rica no misticismo, na musicalidade, nas artes e na cultura. Chegou e incorporou o jeito baiano de ser.
Como boa "baiana", Claudia gosta do tempero da terra, da culinária de origem africana, embora tenha verdadeira paixão pela comida japonesa e não dispensa uma água de coco à mesa. Torce pelo Bahia, paixão que não esconde de ninguém, mesmo com o time na segunda divisão do futebol brasileiro e se não é, oficialmente, a madrinha do clube já ocupa esse lugar no coração da torcida. No esporte, gosta de natação, malha sempre que tem um tempinho livre e entre as qualidades que admira destaca a sinceridade.
Jamais se considerou perfeita e costuma dizer que tem tantos defeitos que nem sabe enumerá-los. Os amigos discordam. Ela é uma espécie de símbolo de ternura, carinho, amor e simpatia. Uma espécie de símbolo da Bahia onde quer que vá, ainda mais agora que vai receber, dia 9, o título de cidadã Soteropolitana, concedido por unanimidade pela Câmara Municipal de Salvador.
Simples e informal, continua a mesma Claudinha menina do bairro da Saúde, em Nazaré, incrustado no centro histórico de Salvador, povoado por centenários casarões e velhas igrejas. Foi lá que viveu a infância de menina que tinha um sonho na vida: ser cantora. E para realizá-lo valia tudo, até improvisar um microfone num velho cabo de vassoura.
Sua paixão pelos palcos ou apenas por um violão numa roda de amigos é indescritível e ela mesma revela. Começou na informalidade, com uma banda de amigos chamada Macaco Prego, até alcançar hoje os palcos internacionais: "Não sei o que seria de mim sem a música. Só fiz Direito e Comunicação pela necessidade de estudar", diz ela.
Força para continuar crescendo ela busca acima de tudo na família e em Deus. A mãe Ilna e o pai, Cláudio, são a referência em tudo, verdadeiros anjos da guarda, mesmo quando fisicamente estão longe. A essa dupla soma-se os irmãos Cláudio Junior e Flávia e agora o maridão, Márcio Pedreira, parceiro de todas as horas. Acima deles, só Deus. Com Ele, Cláudia conversa sempre que pode. A Ele, agradece tudo que conseguiu na vida. É dela a seguinte definição sobre religiosidade e fé ou quando lhe perguntam se é católica, evangélica ou pratica algum culto?
- Se tenho religião? Não. Não tenho não. Eu sigo meu coração. E dentro dele mora Deus. O que há de mais puro nesse mundo. Não podemos vê-lo tamanha sua pureza. Gosto desses assuntos. Gosto de falar de amor, de desejar amor, de dividir o que há de melhor em mim. Pra estar bem, não precisamos da religião. Precisamos de Deus. Buscá-lo é muito fácil, pois Ele está em todos os lugares, em qualquer horário, em qualquer situação, mesmo quando não aparece em nossos pensamentos. Todavia, é sempre necessário ter coragem para assumi-lo como fonte de vida.
Com os fãs, a quem dedica um carinho especial, tem uma relação tão estreita e verdadeira que muitas vezes participa da vida deles e a eles e elas conta tudo. Ou quase tudo. Divide seus bons e maus momentos, suas alegrias e tristezas e se sente, cada dia melhor, com isso. Seu site, que totalmente repaginado estréia nesta quarta, dia 2, incorpora uma série de recursos para aproximá-la ainda mais deles e do seu público.
- Foi a forma que encontrei para encurtar a distância, para nos falarmos mais intensamente. Meu blog e meu site serão, cada dia mais, meu canal diário, instantâneo e intenso com meus fãs – diz ela.

- O Passado de Claudinha - Livro

Axé Music – O verso e o reverso da música que conquistou o planeta
Ricardo Azevedo
Capítulo II: Reverso

Dizem que a palavra forró teve origem da expressão em inglês “for all”, ou seja, “para todos”. Nadando em dinheiro, as produtoras de Axé-music também acreditaram nisso e começaram, em 1998, a investir nesse mercado dominado por cearenses, pernambucanos e paraibanos que começava a ganhar o sudeste do país.
Achamos uma boa cantora, a mineira Karina, e juntamos alguns músicos da banda “Papa Léguas” (que era produzida por Rangel – dono da gravadora WR) para as primeiras apresentações. Nesta época, editava uma revista com a amiga Olívia Libório para o público adolescente de Salvador a Folheteen, e usava a música como elemento de divulgação, principalmente promovendo mostras de som nos colégios particulares dando como prêmio a gravação de um disco demo na WR. Peregrinava todos os dias pelas escolas, ora com diretores, ora com grêmios estudantis. Onde não tinha grêmio, incentivava a criação de um. Assim, fundamos ou recriamos mais de 10 pelos colégios de Salvador. Mesmo com este trabalho, não consegui ganhar dinheiro na revista, e tive que me contentar com um discurso de homenagem na Câmara dos Vereadores, feito pelo amigo Emmerson José, cuja carta de registro guardo até hoje como lembrança do negócio, assim como os primeiros exemplares.

Um dia visitando o colégio Módulo na companhia de outra amiga, a jornalista Liliane Reis, que estava em busca de matéria para o jornal Correio da Bahia, encontrei uma garota bem novinha, aparentava uns 15 anos, sentada num banco tocando “Estoy aqui”, da colombiana Shakira, no violão. Aquilo para mim foi um show.
Mais tarde, pensei na idéia de trazê-la para a “Violeta”. Fui até lá, procurei saber qual sua turma e fui falar com ela.
- Você está a fim de cantar numa banda profissional?
- Claro! Mas, tenho que falar com meu pai.
- Então vamos marcar lá na WR para ele ver que o negócio é sério.
Assim fizemos. Reunimo-nos dentro de um estúdio, explicamos todo o negócio, nossos planos e a confiança no trabalho dela. O pai e a mãe concordaram e tínhamos, a partir daquele momento, mais uma cantora: Claudia Leite. Nos primeiros ensaios, a banda criticava nossa escolha. Acreditavam que era apenas um rosto bonito. Além disso, ela brincava muito e estava longe do profissionalismo de Karina. Mas, aos poucos, todos foram acreditando que ela era um bom negócio, dando-a cada vez mais destaque.
Antes de cada apresentação, tínhamos que correr para buscar uma autorização de seu pai para poder viajar e subir ao palco. E, assim como as demais produtoras baianas, estávamos entusiasmados com o forró.
E para abrir seus shows no interior, acertamos entregar a “Violeta” para também ser agenciada por eles. Fizemos alguns shows juntos, mas não conseguimos nenhuma projeção.
Até que conseguimos um espaço mais apropriado para a banda, abrindo o show de Leandro e Leonardo em Alagoinhas. Mas, Leandro já estava doente e o irmão seguia sozinho em turnê, mesmo assim fazendo sucesso. Viajamos pela manhã e, de noite, soubemos que o evento estava cancelado por causa da saúde de Leandro piorar. Voltamos para Salvador e fizemos um show arrasador no Arraia da Capitã, evento junino tradicional de Salvador e que era promovido em parceria entre a TV Bahia e o jornal A Tarde.
Naquele dia, tive a certeza que, se Claudinha não havia chegado à maturidade como artista, estava bem próximo disso.
Mas, o destino da “Violeta” estava nas mãos de Ganem e Cristóvão. Longe de nosso controle, a banda perdeu sua grande estrela, Claudinha, e depois disso, desligou de vez seus microfones. Saímos do mercado do forró, assim como a maioria das outras produtoras que queriam voltar seu foco para a Axé-music.
Dessa história, ficou apenas a satisfação de presenciar o nascimento de uma das maiores estrelas da música baiana.”
No mercado fonográfico, Ivete Sangalo e Babado Novo estiveram, em 2005, no ranking das 10 maiores vendedoras de discos do Brasil...”

- Discografia e Prêmios

Discografia

. Babado Novo (2002 – Universal Music)

. Safado, Cachorro, Sem-Vergonha ao Vivo (2003 – Universal Music)


. Uau! Babado ao Novo ao Vivo (2004 – Universal Music)

. O Diário de Claudinha (2005 – Universal Music)

. Ver-te Mar (2006 – Universal Music)

. Claudia Leitte ao Vivo em Copacabana (2008 – Universal Music)

Prêmios especiais:

2003 - Troféu Dodô e Osmar em duas categorias: Banda Revelação e Cantora Revelação

2004 – Troféu Dodô e Osmar de Melhor Produção Visual de Cantora

2004 – Prêmio Multishow de Música Brasileira na categoria Banda Revelação

2006 – Prêmio Band Folia de Melhor Banda do Carnaval de Salvador

2007 - Prêmio Band Folia de Melhor Banda do Carnaval de Salvador

2008 – Prêmio Band Folia de Melhor cantora, melhor música e melhor banda do carnaval

2008 – Troféu Oscar Folia – Melhor cantora e melhor bloco